domingo, 6 de abril de 2008

Considerações pessoais sobre o Big Bang

No início, era o nada. Melhor: algo que nós, humanos, não conseguimos definir com mais profundidade do que "um ponto de energia". Depois, a partir do Big Bang, surgiriam as partículas subatómicas, os átomos e os elementos, as moléculas, os organelos, as células, os tecidos, os sistemas, as colónias e finalmente os organismos. Uma saga digna não só de uma oral de uma qualquer disciplina químico-biológica como de qualquer livro de história(s) que faça verdadeiramente jus ao seu nome.

Uma das coisas que mais me fascina no parágrafo anterior é, sem dúvida, o paradoxo da grande explosão. Como é que a partir da destruição surge o novo? Ou o antigo apenas tomou uma nova forma que se manifesta de forma visível às nossas mentes?

Hoje, o meu pensamento debate-se com este problema: eu sou aquele que se reinventa ou pelo contrário, sou aquele que vive do antigo embora com nova aparência?

Uma das críticas que sempre fiz a mim próprio foi a imobilidade. Não se entenda num sentido estritamente físico (embora também goste de dormir a siesta a seguir ao almoço), mas psicológico. Nunca gostei de arriscar, preferi sempre jogar pelo seguro ou, à falta de melhor, pelo risco calculado. Excessiva auto-crítica? Julgo que não. Ao contrário de muitos, nunca me considerei um criador de oportunidades, sequer ainda um aproveitador de oportunidades. Fui vivendo a vida tentando contornar os obstáculos e tornando o péssimo em menos mau. Muitos dos que passaram (e passam e passarão) pela minha vida dirão o contrário, que sempre criei situações para sobressair, para ter sucesso.

Na verdade, nunca senti que tivesse de lutar por um "sonho", uma "vontade" como os outros tinham porque simplesmente sempre achei que isso não iria representar um acréscimo de "felicidade". Porque a felicidade só se revela quando a perdemos... E concluímos que foram breves momentos, fugazes como castelos na areia... E quanto a protagonismo: já passei as birras da infância - assunto encerrado.

Contudo, por vezes, acontece que o menos mau se revela, ao fim de algum tempo, como bom, óptimo até. E surge, fica sempre a interrogação: "Será que...?" Nós, os humanos, somos seres de respostas e não de perguntas - basta olhar para o desiquílibrio que nos rodeia e para a nossa atitude tantas vezes complacente e comodista. Parece que a minha vida tem sempre sido conduzida por fios invisíveis que não controlo; a minha atitude varia entre a mais convicta aceitação da minha impotência e a rebelde ousadia de contrariar essa incapacidade.

Estou a caminho da explosão ou da implosão? De qualquer modo, fica o aviso: cuidado com os estilhaços...

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