sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mudar de Casa

Não, não me estou a referir à casa de férias... Isso é que era bom, mas agora com as taxas de juro a subir e todo o conjunto de indicadores económicos a piorar a olhos vistos, há uma regra de ouro: não recorrer ao crédito ao consumo. A situação actual faz-me pôr a seguinte pergunta: em vez de tantos Estudos Acompanhados e coisas que o valham, porque é que não aplicam o tão famigerado "ensino centrado no aluno" e não ensinam aos adultos de amanhã Economia Doméstica? Se calhar, diminuíam os problemas com os empréstimos...
Mas deixando de lado estas considerações e passando à questão do momento, que me leva a interromper as férias:

Os desenhos finais das novas instalações da Faculdade de Farmácia e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto são hoje apresentados no Auditório da antiga Reitoria, na rua D. Manuel II. Com um orçamento estimado em 30 milhões de euros, as futuras instalações receberão 3.150 estudantes da área das Ciências da Vida e da Saúde.
A ministra da Saúde, Ana Jorge e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago presidem hoje, dia 25 de Julho, à cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo complexo que vai albergar a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e o ICBAS.
As novas instalações vão substituir as antigas que já não têm capacidade para acolher os mais de três mil alunos e os 350 docentes e investigadores destas instituições de ensino.
As duas escolas vão partilhar um complexo de edifícios, que serão erguidos nos terrenos da antiga Reitoria da Universidade do Porto. Este projecto de reabilitação tem como objectivo criar um pólo de Ciências da Saúde aliando duas componentes importantes, a educacional e a hospitalar.
Os edifícios construídos de raiz terão mais espaços e melhores equipamentos de forma a corresponder ao crescente número de vagas que o curso de Medicina do ICBAS abre todos os anos.
A obra renovará por completo o quarteirão da cidade do Porto que é delimitado pelas ruas D. Manuel II, Jorge Viterbo Ferreira e Restauração e ainda pelas instalações do Hospital Santo António. Nesta área, superior a 35 mil metros quadrados, vão ser construídos até 2011 três novos edifícios. Entre eles está um novo pólo de ambulatório para o hospital.
Estima-se que neste quarteirão vão circular, diariamente, mais de 1.600 doentes e respectivos familiares, três mil alunos e cerca de 500 professores.
Um dos propósitos da obra é a promoção de sinergias entre a universidade e o centro hospitalar. “O ICBAS nem tanto, porque está umbilicalmente ligado ao hospital, mas a Faculdade de Farmácia vai começar a ter um contacto mais directo com a unidade de saúde”, diz fonte da Reitoria.
Os arquitectos José Manuel Soares e Ricardo Alegre são os autores dos dois projectos.
(Fonte: Canal UP)

Claro que das apresentações dos projectos até à concretização física ainda vai um espaço bastante grande. Mas se não se der este passo, certamente também não chegaremos às novas instalações. É um motivo de contentamento, mas não de euforia. Alegria na justa medida.



Agora, em termos práticos, e como aluno da FFUP, o que poderá, em minha opinião, trazer este complexo de ensino universitário?

1. Uma visão diferente do ensino das ciências da saúde, relevando as áreas comuns aos diferentes cursos mas preservando as suas especificidades, o que poderá permitir um acréscimo de massa crítica.
2. No seguimento do ponto anterior, penso que poderá constituir-se como uma plataforma de investigação muito abrangente e única em Portugal, com um leque de vias de pesquisa que vai desde a Bioquímica até à Hidrologia, passando pelo Melhoramento Animal, pela Genética e pelo Design Farmacêutico.
3. Cumprimento de uma função social, revitalizando uma zona antiga do centro da cidade. Sem destruir a sua traça, mas modernizando-a.
4. Em termos de saúde pública, é um acréscimo claro de qualidade para os utentes servidos pelo Centro Hospitalar do Porto. Estas instalações não prejudicam a relação ICBAS-Hospital e permitem que a FFUP possa ter a oportunidade de contactar e interagir com um grande hospital diariamente. Este facto pode ser o ponto de partida para uma mudança de paradigma a nível da Farmácia Hospitalar em Portugal, podendo a FFUP colocar-se num plano de evidência a nível desta especialidade.
5. Quanto à reestruturação orgânica da UP, penso que não será uma boa solução optar pela fusão das faculdades. Seria mais benéfico, e para a concretização do ponto 1, avançar-se para um "Agrupamento de Unidades Orgânicas", que preservando a matriz identitária de cada instituição, permitisse combater o desperdício.
6. Uma última nota para alguns comentários que consideram um erro estratégico não se optar pela melhoria mais rápida das condições do Hospital de São João, ficando aí situado o pólo. http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1336529

Reconhecendo a minha parcialidade, e não desprezando os constrangimentos de algumas instalações (por exemplo, Ciências da Nutrição) limito-me a dizer que a FFUP já está à espera destas instalações desde o incêndio de 1975 e o ICBAS desde 1993. Ambas as instituições estão a usar instalações da Faculdade de Direito para assegurar o normal funcionamento dos cursos.
Quanto a "premiar o mérito", eu considero que este pólo é exactamente um incentivo ao mérito. Falando em relação à FFUP, é a 2ª faculdade com melhor índice de produção científica por docente (a apenas 0,1 da melhor faculdade). E boas instalações podem contribuir para melhorar estes resultados.
É, sem dúvida, um passo importante para a afirmação internacional da Universidade do Porto, pelo que pode trazer de produção de conhecimento e este pode potenciar a nível académico, económico, cultural, social.