segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Intervalo. Pausa.

Paro.

Neste momento, a minha vida resume-se ao verbo “parar”.


Levantar-me, comer, ajudar nas tarefas quotidianas, deitar-me – um mero reflexo orgânico, o metabolismo basal da alma.


Porquê parar? Para descansar fora e dentro.

Para quê parar? Para que o fora e o dentro possam corresponder quando solicitados num futuro próximo.


Parar para sempre? Suicídio.

Parar dinamicamente? Paradoxal, mas essencial.


O que é parar dinamicamente? É como se, ao subir uma escada, atingíssemos o patamar. Um pé no degrau anterior e outro no degrau seguinte. Olhar para baixo uma última vez e avançar decididamente em direcção ao cimo. Ver o mal para não o repetir. E recordar o bem – com a consciência de que a vida não faz marcha atrás. Ao ganhar essa consciência, o cérebro ordena e os músculos efectuam: a cabeça vira-se e a perna sobe.


Está a chegar esse momento para mim. A consciência chegou antes do tempo, mas só agora é possível que ela actue – só agora o factor “circunstância” activa essa força imensa.

Dizem que a circunstância é amoral. Eu digo que ela não é responsável pelos actos, mas pelas consequências. O acto vem de nós, simplesmente nós confundimo-lo com a consequência porque esta é visível.


Nesse último relance, também com espanto se verifica que o “meu conteúdo” não muda. O acto é coerente comigo mesmo. Mas a consequência… a consequência muda conforme a circunstância. Por isso somos “escravos da circunstância”.

Nós, a nossa maneira de ser, os nossos genes: não mudam. O ambiente, a circunstância, o contexto: alteram-se a cada momento. É o modo como expressamos o “interior” que muda perante o “exterior”. Mas, na realidade, não ocorre mudança.

Neste patamar da vida, descobri que ser feliz não é mais do que ter consciência de mim mesmo e decidir conscientemente sendo coerente comigo mesmo – evitando o que puder em negativismo e potenciando as qualidades.


Já disse que é bom parar?