quarta-feira, 20 de maio de 2009

Sem horários

Já falei aqui disto, mas volto a repetir: é impressionante como o tempo tem a capacidade de passar depressa quando não queremos: o início dos semestres parece uma eternidade, em que as aulas se arrastam umas atrás das outras num ritmo de ladainha e chegamos às últimas semanas com a certeza de que o pânico do semestre passado e do anterior a esse e por aí adiante se vai repetir: trabalhos, exames laboratoriais, fotocópias e exames de anos anteriores, de modo a decorar as verdadeiras e falsas.

É uma sensação terrível: fazer sempre tantos planos - fazer desporto, ir ao teatro, sair mais vezes à noite - e depois não ter tempo para nada. Há quem diga que tem tempo para isto tudo, e eu, invejosamente (confesso), fico a pensar como é que fazem o essencial - preparar as aulas da faculdade, tratar dos assuntos domésticos, estar com a família...

O problema é que nestas alturas é que me dá para escrever estes discursos desencantados, o que me faz perder ainda mais tempo e me lança numa ansiedade ainda maior. Às vezes penso que a vida é mesmo uma série (ou uma novela, se preferirem), e que me apetece ter aqueles ataques de raiva dos protagonistas ou descarregar as frustrações como fazem os vilões...

E daqui a dois meses, quando tudo tiver passado, vou olhar para trás e levantar os olhos para o céu para agradecer o facto de estar de férias, apesar de todo o esforço me ter permitido apenas fazer o mínimo dos mínimos, o que também já é habitual na minha pessoa.

E o ciclo vai recomeçar: vou dizer que depois das férias (que estranhamente são sempre muito bem aproveitadas, entre dormir, comer, ler, ver televisão, estar no computador, bronzear-se e sair à noite), vou organizar de vez a vida. E para descansar os meus pais, digo que daqui a três anos vou estar a trabalhar e que nessa altura serei uma daquelas pessoas que se arrastam na multidão, bem-comportadinhas, como os pais nos recomendam, cumprindo escrupulosamente os horários de trabalho!