... era um título que a memória do meu computador tinha convenientemente guardado para quando fosse necessário. Não será ele adequado para quando passaram dois anos (e mais uns dias) desde que esta página foi criada? Foram mais de dezassete mil horas, que passaram como se fossem somente dezassete minutos. Reflexões mais ou menos pessoais, alguns devaneios inconsequentes...
Sem rotina diária, semanal ou mensal, os posts foram surgindo à maneira de "notas complementares" que vão sendo adicionadas, sem pretensão de serem uma obra literária mas tão somente com o fim de fazer perguntas, levantar hipóteses, ouvir um pouco de música.
Depois de tantas horas, algumas passadas neste espaço, devo dizer que cada vez mais a velocidade deste nosso mundo me surpreende. Agora, que está na moda fazer "balanços da década" (que vêm adiantados segundo o calendário gregoriano e serão repetidos no próximo ano, para maior lucro da imprensa em crise), eu penso no que foram estes tempos e vejo que cada vez mais estamos próximos de ser "computadores ambulantes".
As redes sociais introduziram na linguagem os verbos "amigar" e "desamigar". Até a música "pimba" deixou de lado as metáforas e os duplos sentidos para nos "excluir do Orkut e bloquear no msn". A mim, um admirador incondicional da televisão, dizem-me que estou no século XX (e, portanto, segundo uma cultura "moderna", sou atrasado e reaccionário).
As relações humanas, hoje em dia, são alimentadas a vocabulário de SMS, a conversas sobre tudo e nada no msn, às "causas" e "causos" que se defendem no Facebook... Interessa o "show-off", o "politicamente correcto". Hoje, não se pode ter estilo, segue-se a moda que muda a cada seis meses - na roupa, na música, nos costumes sociais, na política, nos indicadores económicos. As nossas relações com os outros são assépticas. Serei pessimista ao dizer que, nesta década que passou, perdemos a capacidade de olhar nos olhos?
1 comentário:
Acho que a capacidade de olhar nos olhos que tanto falas se está a perder, ainda não se perdeu completamente...mas vai sendo substituida pelos olhares virtuais e cada vez menos pelos sentidos "in vivo". É pena que se perca assim a natureza humana por meras tecnologias, por meros materialismos que nos vão ocupando cada vez mais o tempo . Quanto à televisaão, nunca fui grande fã, mas isso já nasceu comigo...Prefiro a Natureza (e o computador de vez em quando) =).**
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