O vidro treme quando irrompe o brilho relampejante do céu. Mas nem as vibrações da natureza enfurecida conseguem tocar ao de leve na insónia que sobre mim paira.
Levanto-me; e tacteando acendo a luz. Olho-me ao espelho; as negras olheiras aparecem como um baixo-relevo na minha face. Abro a torneira, encho o copo, mas não bebo a água. Se o meu corpo reclama um leito para descansar, a minha mente corre e divaga - não a consigo agarrar. Sinto até que a vislumbrei numa fuga apressada através da fechadura. E agora, que farei neste quarto escuro?
Espero a luz do dia que virá.
Ainda chove lá fora.